segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Que Há

O QUE HÁ
(Álvaro de Campos)

O que em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
 
Nem sequer de tudo ou de nada:
 
Cansaço assim mesmo, ele mesmo.
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
 
As paixões violentas por coisa nenhuma,
 
Os amores intensos por o suposto em alguém,
 
Essas coisas todas
Essas e o que falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
 
Este cansaço,
 
Cansaço.
 

Há sem dúvida quem ame o infinito,
 
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
 
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
 
Porque eu amo infinitamente o finito,
 
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
 
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
 
Ou até se não puder ser...
 

E o resultado?
 
Para eles a vida vivida ou sonhada,
 
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
 
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
 
Para mim só um grande, um profundo,
 
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço.


Um supremíssimo cansaço,
 
Íssimo, íssimo, íssimo,
 
Cansaço...

(Oliver - Uberlândia 18/04/2010)

Um comentário:

  1. amiga, lindo demais. eu particularmente amo Fernando Pessoa, principalemte quando na alma de Alvaro de Campos. Roubei pra mim.. o poema e a foto!

    beeijos, TE amo e Estou morrendo de saudades!^^

    ResponderExcluir