Há um mês, de forma trágica, perdi uma pessoa querida... É verdade que nunca fomos os amigos mais próximos, mesmo residindo na mesma cidade... Mas sempre que nos reencontrávamos nos retornos à Patos ou até mesmo nos jogos pelos campeonatos da UFU, os momentos de felicidades e confidências eram sinceros! Foi uma perda inacreditável: uma pessoa inteligente, humilde, companheira, sempre disposta a ajudar o próximo, dar “aqueles” conselhos aos amigos e se esconder nas horas em que tirávamos alguma foto...
Lembro do dia do acidente, quando por telefone eu conversava com uma amiga, a qual me disse para ter força, mesmo estando mais desolada com a situação do que eu... Então ela me explica o porquê daquilo, que de certa forma ela tinha quem a confortasse naquele momento, enquanto eu estava distante daqueles que compartilhavam a mesma angústia e tentavam superar juntos tudo aquilo... Acho que foi o momento a partir do qual eu realmente comecei a refletir melhor sobre tudo o que estava acontecendo, não só ali naquela hora, mas nos últimos anos de minha vida, principalmente...
Como todo mundo, tenho os meus problemas familiares e sempre encontrei nos meus amigos um meio de fuga para tais... Em muitos momentos essa foi e é a minha salvação, mas nos últimos anos de alguma forma sinto um peso bem maior nas minhas costas e, junto com isso, o que eu tenho feito é me isolar e me afastar das pessoas que se importam comigo... São constantes os recados que recebo falando o quanto estou sumida e, como resposta, sempre tenho um “sumida é meu sobrenome”...
Tenho tentado entender o porquê disso, mas não tem sido uma tarefa fácil... Acho que criei um complexo de que estou por conta própria no mundo e que não posso contar com ninguém, por ter me decepcionado com alguns poucos... Mas mesmo assim, continuo prestativa, e desabo quando alguém me demonstra que ainda há alguma humanidade na pessoa fria e sarcástica que venho me tornando... Tive um momento desses, essa semana: estudava com uma amiga enquanto dava monitoria para um pessoal na faculdade, quando ao final do exercício uma colega nossa queria de alguma forma me dar algo como agradecimento pela ajuda e eu meio que envergonhada tentei fugir, quando ouço das duas um “você merece”... E não um “você merece” interesseiro, mas um “muito obrigada” por todas as vezes que você se dispõe a nos ajudar, mesmo tendo várias outras coisa a fazer...
Por mais que eu goste de conhecer novas pessoas e fazer novas amizades, parece que estou mais desconfiada do que o normal, me prendendo na frente de um computador, sem um propósito de vida... Sem qualquer motivação... Sim, existem alguns em que eu me apóio com toda a minha carga e que conseguem me confortar e me dar algum norte... Existem aqueles que me pedem ajuda para encontrar os seus rumos e eu os acabo deixando mais perdidos... Existem aqueles para os quais eu já disse “eu te amo” e simplesmente desapareci depois... E têm existido aqueles para os quais eu tenho aberto as portas do meu eu e de alguma forma eu estrago tudo no final, ou melhor, ainda no início...
Aff... São tantas coisas passando pela a minha cabeça, que já to fazendo uma bagunça aqui...
Na verdade, o que me levou a escrever todos esses raciocínios sem lógica, é o sentimento de que preciso repensar muitas das atitudes que tenho tomado, pois mesmo sem querer acho que tenho magoado muitas pessoas que realmente se importam comigo... Com certeza não conseguirei fazer isso do dia para a noite, pois preciso mudar algumas concepções que incrustei dentro de mim, mas quero sim mudar... Voltar a ser um pouco mais aquela palhaça que muitos têm como referência, ao invés da pessoa séria e casca dura atual... Sentir o prazer de fazer programas de domingo, sem qualquer programação, simplesmente “vamos” e sentir que não existe nenhum problema para me preocupar naquele momento... Pegar meu violão, fazer uma rodinha e tocar “aquela” música que sempre me pedem... Enfim, sorrir de verdade em meio às pessoas, sem sentir um turbilhão de angústias querendo me arrasar em lágrimas...
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"É tão estranho, os bons morrem jovens...
Assim parece ser quando me lembro de você,
que acabou indo embora cedo demais..."
Jeferson William, saudade eterna!!! |